quinta-feira, 18 de junho de 2009

Teatro - UNB

A hegemonia na escola.

Renata, quero arriscar comentar a respeito da sua indagação “Quem se habilita em relacionar a escola com os conceitos hegemônicos de arte, de história, de educação, de relações sociais, etc?”
O primeiro pensamento que me vem à mente é a certeza de que pensamentos e posturas hegemônicas não possuem fronteiras definidas. Estão espalhados em todos os seguimentos sociais. Assim, a escola não está isenta dessa ideologia.
Nem todos os órgãos responsáveis pela difusão do saber têm o compromisso com a formação crítica do cidadão. Hoje, há professores que defendem uma educação para a obediência e a criação em série. Ainda é uma constante a presença de desenhos mimeografados para serem coloridos pelos alunos, como se esses fossem incapazes de criar suas próprias imagens.
Mas também existe escola consciente do seu papel, onde a hegemonia é questionada, levando o aluno a refletir sobre seus comportamentos e atitudes egocêntricas.
Dessa forma, acredito que a educação influencia e é influenciada pelo pensamento hegemônico.
Escrito por MARILIA BOMFIM às 21h33

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HEGEMONIA

Concordo com Antonio Henrique quando este afirma não acreditar em hegemonia. Claro que me refiro a "não acreditar" no sentido de não aceitar, pois, não podemos negar seu reinado no pensamento e comportamento da humanidade.
Temos realmente a tendência a pensar que existe uma arte maior que dita o que é certo, o que é belo, o que é chik, o que é moda. No meu pequeno entendimento, se houver técnica, talento e provocar os sentimentos do ser humano, pra mim é arte.
Mas, isso é o que eu penso conscientemente após uma reflexão sobre o assunto. Nossos comportamentos são impulsionados por nossa cultura, pelo que ouvimos e aprendemos com nosso povo. Assim, mesmo que de forma inconsciente, possuímos atitudes hegemônicas, visto que somos fruto do presente e de todo passado da humanidade.
O mesmo preconceito também pode ser associado à visão de que existe um povo melhor que outro, um Estado melhor que outro, uma cidade melhor que a outra e assim por diante. É o que o Dinho apontou em seu comentário como “colonialismo”. Alguém aqui já ouviu falar que os Estados Unidos é um país melhor que o Brasil?
Não podemos negar que ainda há quem pense que São Paulo e Rio de Janeiro são melhores que o Acre, Rio Branco é melhor que Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima é melhor que a Vila São Pedro, o Bairro X da Vila São Pedro é melhor que o Bairro Y, fulano é melhor que sicrano... Está ou não está presente em nosso inconsciente e se faz presente em nossa visão de mundo?
Atuando como artista e/ou professores, somos obrigados a nos policiar ainda mais durante nossa prática. Precisamos romper com essa postura preconceituosa que atinge a arte e o relacionamento entre os povos. Em algum momento começou e em algum momento precisa acabar! Por que não começar agora?
Escrito por MARILIA BOMFIM às 21h30
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SONHO

Dinho, gosto da forma como você termina seu comentário: “Sonho com uma arte mais provocativa, tal qual é a arte de Sebastião Salgado (fotografia) e Antunes Filho (teatro). Tenho convicção, entretanto, que esses (e outros) sonhos poderão se tornar realidade. Depende de mim, de você (Renata), dos colegas do curso de teatro e de todos os demais habitantes do Brasil.”

Ninguém consegue avançar sem sonhar e a arte é uma das poucas ações humanas que nos impulsiona ao sonho.
Quando estamos assistindo a uma peça de teatro, saímos da cadeira e vamos para o mundo apresentado pela dramaturgia. Parece uma magia, mas é real. Pra comprovar basta você observar a expressão presente no rosto do público.
Nessa “viagem”, experimentamos diferentes emoções e sentimentos ao nos revoltamos com algumas situações apresentada. Ao regressar dessa viagem começamos a sonhar com uma vida melhor. Do sonho para a ação é uma questão de tempo.
Escrito por MARILIA BOMFIM às 21h17
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Política, Arte e Educação.

Política, arte e educação! Temas diversificados que dialogam e caminham juntos na história acreana... Na história de toda humanidade.
Nosso olhar, de imediato consegue achar um a afinidade entre arte e educação. Quanto à política... Acreditamos que a política não tem nada haver com arte. Estamos enganados. Elas são interdependentes.
Na verdade nós abominamos a política partidária. Aquela velha política, que mais deveria se chamar “polititica”, que desvia verbas, confabula contra a grande maioria e fortalece as desigualdades sociais. A polititica trabalha com assistencialismo e, com isso, impede todo tipo de revolução capaz de melhorar a vida dos menos favorecidos. A arte e a educação precisam ser contra a esse tipo de política.
Investindo no conhecimento e proporcionando a fruição do homem, a arte e a educação são geradoras de mudanças sociais. A escola, através do conhecimento, conduz nosso olhar para o coletivo. Olhamos para a história da humanidade e começamos a conhecer nosso passado, tomar consciência do presente e planejar melhor o futuro. Escola compromissada com a qualidade de vida da humanidade ensina seu aluno a problematizar e olhar o mundo pelo lado oposto da passividade.
A arte, através do fazer e da apreciação, consegue desconstruir conceitos que limitam a criatividade do homem. Apoderando-se novamente da capacidade de criar, o homem deixa de ser consumidor passivo e passa a ser criador.
Você deve está pensando onde entra a política nessa história toda. Calma! Eu chego lá!
A política é a conseqüência dessa mistura entre arte e educação. Não estou falando de polititica. Estou falando de ações políticas. Conscientes de seus papéis, a arte e a educação provocam no homem uma imensa vontade de possuir ações políticas e sua visão é coletiva.
Que um exemplo de ação política? Os empates.
Quem não se lembra dessa página da história do Acre? Homens, crianças e mulheres de mãos dadas na frente dos tratores que colocavam a floresta no chão. Os empates foram ações políticas que salvaram o que ainda resta da Amazônia. Alguns morreram como Chico Mendes, mas suas ações políticas ainda vivem e ecoam pelo mundo.
Mas você deve está pensando: essa Marilia é contraditória. Ela fala dos empates para exemplificar o poder da arte e da educação nas ações políticas de homens e mulheres que, em sua maioria nem sabiam ler. Eram seringueiros que moravam afastados da cidade. Nunca visitaram museu!
Caros amigos, isso só nos demonstra que o conceito de educação extrapola os limites da escola. A educação, formal ou informal, pode mover o mundo. A arte extrapola as galerias. Ela pode vir pelas ondas do rádio, nas páginas do cordel ou rodopiar nos forrós da casa do cumpade.
Um cheiro bem acreano para todos!

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